Minha memória não é das melhores. É péssima, pra falar a verdade, e parece que vem piorando. Tenho desde sempre esse pânico do Alzheimer, de perder as lembranças. Talvez por isso eu escrevo. Há 20 anos mantenho um diário, tive coluna no jornal, blog, agora as redes sociais... Me conforta imaginar que na velhice eu possa acessar essas memórias, relembrar tudo que rolou comigo. A forma de escrever muda (estou digitando no celular, por exemplo) e a forma de acessar o que foi escrito também muda. As coisas acabam em uma velocidade estonteante — isso também me assusta. O jornal em papel, o blog, as redes sociais, os próprios arquivos digitais, o smartphone, a nuvem, sei lá, tudo passa. Por isso, para mim, a importância de publicar meus livros. Estou no sétimo volume. Creio que seja a forma mais perene de "armazenamento". Tudo que minha clínica geriátrica precisará ter é uma estante para acomodar meu livros. Se houver uma cadeira de balanço na varanda então, show de bola. Já posso me imaginar dando risadas de mim mesmo, de quem eu fui e de tudo que passei, em detalhes distantes que estarão ali, bem guardados e nítidos no bom e velho papel. Um velhote tranquilo que pega no sono com um livro no colo.
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