Por muito tempo acompanhei a angústia de minha passageira tentando engravidar. Tratamentos para ovulação, tabelinhas, fertilização in vitro, promessas, novenas, despachos, umbanda, feitiços... Fez de tudo. O taxista, confidente, levando pra lá e pra cá, torcendo por ela. Até que, aparentemente, desistiu. Não se falou mais em gravidez.
Certo dia, parei em frente à casa dessa passageira e notei algo diferente. Havia uma árvore florida no quintal. Uma pitangueira branquinha de flor. Minha cliente demorando a aparecer, eu já preocupado. Por fim, ela surgiu, pálida. Parecia mal. Acordara enjoada, vomitou o café. Comentei sobre a pitangueira. Ela também havia notado. Espantado-se, na verdade.
— Essa velha pitangueira nunca deu fruta, hoje amanheceu desse jeito. Vai carregar de pitanga!
— Huumm...
Nove meses depois daquela corrida minha passageira deu à luz uma linda menina a quem chama de flor.
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