Não lembro o nome do taxista. Ele era conhecido apenas por Sacolinha. Tinha esse apelido por sempre carregar umas sacolas no táxi, cheias de produtos de origem duvidosa. Em geral, muambas trazidas do Paraguai, que vendia aos colegas de praça.
Um dos produtos que o taxista vendia, que fazia sucesso entre os homens, era uns comprimidos que prometiam turbinar o desempenho sexual. Apesar de feio como a miséria, Sacolinha fazia sucesso com as mulheres, fato que creditava aos tais comprimidos.
Nessa época, andou circulando pelo ponto uma garota muito bonita, que era filha de um dos nossos clientes. E Sacolinha apaixonou-se por ela. Apostou todas as suas fichas naquela conquista, mas a moça o rejeitou. Em um ato desesperado, Sacolinha resolveu investir suas parcas economias em um bouquet de flores, que mandou entregar por um motoboy.
Minutos depois, o motoqueiro voltava ao ponto com uma porção de xingamentos que a pretendida insensível mandava devolver junto com o bouquet de flores. Foi assim que Sacolinha viu-se rejeitado e com um belo prejuízo. Além de tudo, precisava trabalhar com uma quantidade de rosas vermelhas dentro do táxi. Maior mico!
Mas Sacolinha é um brasileiro e nunca desiste. É um homem de negócios, acostumado a transformar contratempos em oportunidades. E, Além de tudo, Sacolinha é um taxista!
Segundo o que nos contou, nas corridas que se seguiram, Sacolinha passou a oferecer as flores às suas passageiras. Não o bouquet inteiro, mas uma a uma. Junto com a rosa, o taxista oferecia às clientes sua breve história de romântico incompreendido. E dava a entender que uma gorjeta qualquer seria bem vinda, pois o amor é lindo mas não paga as contas.
O resultado é que Sacolinha teria revertido seu prejuízo e ainda faturado um bocado. Além do lucro financeiro, a estratégia das flores lhe teria rendido uma nova paixão. Romance que o taxista alimentou à base de rosas vermelhas e comprimidos azuis.
Um comentário:
Crônica de humor, faz muito bem em um sábado de manhã! parabéns pelo trabalho.
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