Um passageiro dormindo dentro do táxi nem sempre é bom. No caso daquela corrida, foi uma bênção. O sujeito estava com um bafo de cachaça miserável e agradeci quando avisou que dormiria.
Ele se acomodou no banco e suspirou como quem não sentava havia muito tempo. Usava bermudas sujas e uma camiseta que não cobria toda a barriga. Uma mistura de fumaça, álcool e salamito emanava do meu cliente. Ele pediu que eu não reparasse: estava “amanhecido”. Tinha saído de casa no dia anterior para comprar cigarros e perdeu-se na companhia de amigos. Perguntou se eu o levaria ate a Restinga.
A primeira pergunta a fazer no caso de um passageiro bêbado que deseja fazer uma corrida longa é se ele tem grana. Tinha apenas cartão. Tiraria dinheiro em um caixa eletrônico na Restinga. Aquilo parecia uma grande roubada, mas decidi pagar pra ver.
O homem tinha dois celulares nos bolsos. As campainhas diferentes tocavam uma após a outra: a mulher procurando pelo bebum. Antes de pegar no sono, ele avisou que não me preocupasse, não atenderia. Pé no fundo rumo a Restinga.
Chegando ao destino, acordei o passageiro de seu longo sono. Hora de se coçar. Ele confessou não ter certeza se conseguiria sacar pois usava 13 graus em cada olho e tinha perdido os óculos na noitada. Estacionei o táxi e fui para o caixa eletrônico com ele. Fiquei aliviado quando a máquina cuspiu duas notas de R$50!
Um tanto revigorado depois do sono, o homem aproveitou o resto da viagem para avaliar a enrascada em que estava metido. Esfregando a cara amarrotada, tentou pensar em uma desculpa qualquer para dar à mulher. Romântico, pensou em comprar flores, mas decidiu oferecer a ela a nota de R$50 que restaria após pagar a corrida. Achou que faria mais efeito.
Deixei-o em um boteco em frente a um conjunto habitacional popular. Antes de entrar em casa, decidiu tomar um último trago. E comprar seus cigarros, afinal, foi para isso que saiu de casa no dia anterior.
3 comentários:
acredito que ainda não chegou.......rsrsrsrsrsrsr
'Bêbo' é sempre complicado, quando não se excede numa coisa cai em outra.
Em pouquíssimas coisas me enrolei na vida.
- Ah, bebe pouco...
}Não, bebo nada! E não perdi muita coisa com isso.
Abraço.
Eita!!!
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