Tenho um passageiro que não consegue nem ir ao banheiro sem seu telefone conectado à internet. Ele disse que aproveita o tempo sentado no trono para conferir a previsão do tempo, a cotação do dólar, os protestos na Europa, as notícias da política...
Aumentar ou não as passagens de ônibus, revitalizar ou não a orla do Guaíba, investir ou não na Copa do Mundo. Meu passageiro tem tudo resolvido na sua cabeça, sabe todas as respostas, conhece a verdade dos fatos. Anda sempre no horário, bem vestido, politicamente correto, só faz o que a etiqueta permite, obedece as regras, segue tendências, lê manuais do proprietário.
Resumindo: Esse é, de longe, o passageiro mais chato que eu tenho. Dia desses, ele confessou que sua mulher fugiu de casa com um motoboy, “deixou uma cobertura no Menino Deus para viver num barraco”. Se uma corrida com ele já é um porre, imagina um casamento.
Fiquei em dúvida se atendia a mulher que me fazia sinal na calçada, afinal já tinha um táxi vazio parado ao seu lado. Mas ela me esticou o braço com insistência, parecia aflita. Quando estacionei, o outro táxi arrancou veloz. A passageira embarcou e me explicou a situação.
O sinal fechou e parou um táxi vazio na pista do meio da avenida. O movimento estava tranquilo, a sinaleira demoraria a abrir, então a mulher resolveu ir até o táxi. Mas o taxista negou-se a abrir a porta. Só pegava corrida junto à calçada. Ela ainda argumentou que não havia carros por perto, não havia perigo algum - o tempo que ficou discutindo daria para ter embarcado com folga. Mas o taxista foi inflexível.
A mulher, então, foi para a calçada. O sinal abriu, o tal taxista encostou ao seu lado, abriu a porta do táxi e convidou-a, finalmente, a entrar. “Não, obrigada”. Agora era ela quem não queria. Fez sinal para outro táxi. Para o meu.
Eis uma regra de ouro que todo homem deveria ter em mente: nunca abuse da paciência de uma mulher.
2 comentários:
Nunca, jamais!!!
hahaha...que palhaçada!
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