Tempos atrás, apareceu no meu ponto um taxista metido a contar vantagem. Como ele não era titular do ponto, deixava o táxi lá atrás e ficava esperando que surgisse uma vaga. Enquanto isso, ficava garganteando. Era conhecido como o rei da féria. No meio da manhã, ele já alegava ter no bolso a grana que a maioria levaria o dia todo para faturar. Leo, nosso ingênuo colega, ficava angustiado, achando que estava trabalhando mal. Aquilo foi me incomodando, então resolvi contar ao estrangeiro a corrida que eu havia feito.
Um passageiro surgiu do nada e perguntou se eu o levaria à praia de Torres. Não regateou preço. Dei nos dedos. Baita corrida. Antes do meio-dia, eu já havia largado o homem no litoral e estava com a pochete cheia. Para comemorar, parei o táxi na beira da praia a fim de admirar um pouco o oceano infinito. Sentei no capo do carro e me perdi em devaneios. Foi quando ouvi uma campainha de telefone.
Ao lado de onde eu estava parado, havia um telefone público. Um orelhão. Resolvi atender. Uma voz feminina explicou que estava me observando da janela do edifício do outro lado da rua, pediu que eu olhasse para trás. De fato, uma loira com celular na orelha me abanava do terceiro andar! Ela me viu estacionar o táxi e resolveu ligar para o orelhão, do qual sabia o número, pois costumava usá-lo quando estava sem celular.
Para encurtar o caso, a loira precisava de um táxi. Precisava vir para Porto Alegre. Em 5 minutos, eu já estava na estrada rumo ao aeroporto Salgado Filho. Mas não acabou por ai.
Quase chegando à Capital, minha passageira lembrou que precisava pegar seu passaporte, que estava em sua casa na Zona Sul. Na Serraria! Atalhei pelo Porto Seco e voltei pela Beira-Rio. Mais 100 km de acréscimo. Entreguei o carro para o motorista da noite com a féria de três dias no bolso. E o telefone da loira!
Depois dessa, o rei da féria desapareceu. Melhor assim. De mentiroso, no meu ponto, basta eu.
7 comentários:
Mataste a pau...
Bah, mas tu sabes mentir hein?
Quer dizer então que aquela corrida até São Paulo (ida-e-volta) pode não sido verdadeira? E aquela em que tu imobilizaste 2 lutadores de jiu-jitsu que tentaram te assaltar? E aquela...
Muito bom. No duelo de atochadas te saíste muito bem. O taxista é mentiroso, mas o escritor não. Esse é "apenas" um ficcionista da melhor qualidade. Abrs
Muito bom como sempre. Mentiroso melhor que taxista, só caçador e pescador!
Muito bom, Mauro! Para mentir melhor que tu, só caçador e pescador! Leila
Ótima. Crônica e mentira.
São estas as tuas melhores cronicas........ficção com cara realista......vá em frente...enfrente.....
Heheheeh!
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