O casal já embarcou no táxi discutindo. A mulher jogou meia dúzia de sacolas para dentro do carro, sentou no banco de trás e bateu a porta com raiva. O marido, no banco da frente, também levava suas sacolas, também tinha a cara emburrada. O taxista não deu bola. Só mais uma corrida.
A mulher reclamava da vida que o marido levava. Queria que ele tivesse um emprego como todo mundo. Carteira assinada, essas coisas. Estava cansada da correria, das confusões, de dar explicações a vizinhos. À beira de um ataque de nervos, ela chegava a desferir pequenos tapas no marido. Não demorou a começar a chorar.
O homem não deixava barato. Também batia boca. Tentava impor sua opinião pela altura da voz. Enquanto dirigia, o taxista defendia-se das gotas de saliva que voavam em sua direção.
Antes da metade da corrida, a mulher pediu o divórcio. E o marido aceitou. Sugeriu que dividissem as sacolas (cada um ficava com o que tinha na mão). Disposta a não passar mais um segundo que fosse ao lado do homem, a passageira pegou seus volumes e desceu.
Pelo resto da corrida, o homem explicou a situação. Seu negócio era roubar lençóis. Era o que sabia fazer. Supermercados, lojas, shoppings, qualquer tipo de comércio, ele roubava. Desenvolveu técnicas ninjas para burlar a segurança. Falava com orgulho. Especializou-se em lençóis. Só produtos de qualidade.
O problema é que, como combinado no começo da corrida, quem pagaria o táxi seria a sogra do passageiro. A mãe de esposa divorciada, portanto. Mas a velha, óbvio, negou-se a liberar a grana ao saber que a filha tinha abandonado o barco, digo, o táxi.
Quando o taxista chegou em casa com aquela sacola de lençóis, sua mulher torceu o nariz. Afinal, quem paga uma corrida de táxi com lençóis? Roubados, ainda por cima!
Na manhã seguinte, o clima entre o taxista e sua mulher era dos melhores. Tiveram uma noite perfeita, com direito a sexo e sonhos angelicais. Tudo embalado em lençóis de seda.
7 comentários:
Uma corrida de táxi, e uma noite em "bons lençóis"...
Demais! Essa história dá um curta-metragem hilário... A cena do casal se divorciando no meio da corrida e fazendo a divisão de sacolas é impagável... Como disse o Eduardo, esse cara te deixou em bons lençóis...
Abraço!
Essa história é só um exemplo de que dentro de um táxi acontece de um tudo, muito legal o blog, manter atualizado vale a pena.
Mauro, essa história é verdadeira, mesmo? Hilária! Hahahahah
Keep on writing, grеat jоb!
My site related web site
hahaha... lençois de seda. E a velha não pagou a corrida, mas ficou com o genro? Com o ex genro?
Bem dizem que por trás de uma briga de casal, depois tem uma noite de amor.
Ficcional ou verdadeira uma estória interessante.
Ricardo Mainieri
Postar um comentário