Garota formada em administração, com pós graduação em não sei o quê, trabalha em um cemitério da Capital. Orienta cerimônias de cremação. Diz-se feliz. Há quem esteja pior que ela. Comenta que todos no cemitério conhecem um homem que chega ao cair da noite. O sujeito vai dormir sobre o túmulo da ex-mulher, morta em um acidente de carro em que ele era o motorista. Ao amanhecer, o viúvo vai embora. Trabalhar entre os mortos não é a pior coisa do mundo, diz minha passageira.
Rapaz forte, cabelo descolorido, usando brinco e um óculos enorme. Pede que eu o leve até uma casa de “acompanhantes” no Bairro Santana. Diz que está chegando da cidade de Santa Cruz onde foi atender a um casal. Cobrou R$ 500 pelo serviço. Segundo ele, missão dada é missão cumprida. Os clientes ficaram satisfeitos. Depois de entrar rapidamente na casa de prostituição, pede que eu o leve até o Morro Santa Tereza onde vai pegar uma “química”. Sua meta é dormir pelos próximos três dias.
Dois jovens orientais saindo do prédio da Polícia Federal. Falam em uma língua incompreensível, mas é possível ver que estão nervosos. O rapaz que sentou no banco da frente pede, em português sofrível, que eu os leve até o Mercado Público. Depois que o clima entre eles se tranquiliza, pergunto de onde são. Filipinas. Dois missionários religiosos. Não dão pistas sobre problemas com a Polícia Federal, revelam apenas que estão indo ao Mercado comprar peixe fresco, que seria a base da culinária filipina.
Homem com dificuldade para embarcar no táxi. Fala com voz pastosa. Passa a corrida toda tentando explicar que não está bêbado, apesar de parecer. É um ex-piloto de avião acometido de um grave problema no cérebro. Contraiu uma doença transmitida pela urina do gato. Está indo para a fisioterapia. Diz que está reaprendendo a falar e andar. Sente-se como uma criança. Conversar com o taxista, coisa comum para a maioria das pessoas, é um desafio para ele.
4 comentários:
Essa língua "incompreensível" provavelmente seja o tagalo, falado por 80% dos filipinos.
Cada uma! Tem para gostos variados.
quatro histórias
cada uma verossímil
embora não o pareçam
cada uma daria um texto solo
e sem flores
desta vez
pra casa
só levar presente
o corpo sadio
de taxista profissional
e parebéns pelo teu segundo
Danilo sabe o que faz
ricardo garopaba blauth
bom domingo e boa semana!
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