domingo, 4 de dezembro de 2011

Perfume de mulher

Minha passageira era uma morena de parar o trânsito: pernas longas como esperança de taxista, cabelos cacheados e sedosos caindo sobre os seios fartos que a blusa mal conseguia conter. E foi justamente em um destes seios que a beldade foi buscar o dinheiro para pagar a corrida.                      
Em um gesto rápido, ela soltou um botão e a blusa abriu-se aliviada, ampliando ainda mais o já generoso decote. Com habilidade cirúrgica, a morena afastou o soutien até o limite do aceitável e tirou de lá o dinheiro - todo o processo acompanhado em detalhes por meu olho vidrado.
Cheguei no ponto contando vantagem, todo prosa. Mostrei, inclusive, a cédula passada pela morena, que guardei na carteira, entre meu dólar da sorte e o trevo de quatro folhas. Meu colega Biela, no entanto, fez pouco caso. Disse que teve um caso semelhante, porém bem mais cabeludo. No caso do Biela, o furo é mais embaixo.
Meu colega contou que sua passageira também era linda como a flor que nasce entre as pedras. Igualmente morena. Mas estava sem dinheiro. Chegando ao destino da corrida, em uma vila pobre, ela chamou pela mãe, uma mulher gorda, suada, que estava sentada na calçada fumando e limpando as unhas com uma faca. Um vira-lata sarnento observava a cena. 
Ao ver a filha chegar no táxi, a mulher, sem a menor cerimônia, esticou a cintura da calça e enfiou a mão dentro da calcinha, na parte da frente, lá no fundo, e tirou de lá uma nota de R$10 para pagar a corrida. Segundo Biela, a cédula cheirava mal e tinha um aspecto "viscoso", como se estivesse guardada lá por algum tempo.
Com o estômago embrulhado, meu colega disse que foi obrigado a aceitar a nota, já que era a única de que a gorda dispunha. Pediu que a mulher jogasse o dinheiro sobre o banco do táxi e partiu. Biela contou que deixou a cédula ali por algum tempo, pegando um ar.
Biela disse que usou a tal nota para comprar um aromatizante para o carro. Já a minha carteira segue naturalmente perfumada.

13 comentários:

Leonardo Xavier disse...

É a vida é assim: Alguns tiram a sorte grande, outros não!

Fátima Rama disse...

q nojinho!

Unknown disse...

Mauro e suas histórias... será real esta aqui???????Kisses

Unknown disse...

Opa! Só um errinho de digitação, ali no finalzinho do texto: "jogasse" no lugar de "joga-se". Chega imaginei a senhora mal cheirosa jogando-se dentro do carro!!! Abraço!

ricardo garopaba blauth disse...

falando em perfume de mulher lembrei daquele sujeito que conhecia todos os aromas do mundo então cada lugar que ia .......

...DEIXA PRA LÁ QUE TUA HISTÓRIA É MELHOR.....rsrsrsrsr

Clarice disse...

Eu pensando que iria ler um início de romance, com direito a dança de salão e tudo.
Eu que já tenho nojo de dinheiro...ARGH!

Aí o sujeito vai a um restaurante tipo bufet e é servido com a mesma mão que pegou o dinheiro e fez troco. Tudo por cima das bandejas. Vacina pra quê?
Boa semana, colorado!
Saudações corintianas.

Edgar disse...

Foram os R$10 mais "suados" que eu já tive notícias, heheh!

Anônimo disse...

Mauro, ontem fui eu quem escreveu sobre taxista!!!! O meu texto não tem o "perfume" dos seus! Forte abraço

**** disse...

Por que não bancou o educado e disse a ela que você mesmo tirava? Ahhah

DÉBORA disse...

Hahaha, faz tanto tempo que não venho aqui comentar e quando chego me deparo com uma dessas! Morri de rir aqui da falta de sorte do seu amigo. =) Mais uma vez, parabéns pela maestria na contação dos ca(s)os do cotidiano

Abraços, querido!

Dalva M. Ferreira disse...

Esse teu cotidiano é muito animado, cara! É de dar arritmia.

Diário Virtual disse...

HAHAHAHHAHAHAHAH pqp!!!

PEDRO - canoas disse...

Opa...só um errinho teu de interpretação amigo...sorry