domingo, 11 de dezembro de 2011

Homens e outros animais domésticos

A passageira me reconheceu quando entrou no táxi. Ela refrescou minha memória. Havia feito uma corrida muito tempo atrás. Tinha praticamente se jogado na frente do meu carro. Estava desesperada pois tinham ligado para o serviço dela dizendo que seu gato estava pendurado na sacada do seu apartamento, prestes a se esborrachar no chão.

Lembrei-me da corrida. Foi uma correria danada. Lembrei que ela havia dito que não era a primeira vez que o gato caía da sacada. Para evitar outro acidente, tinha colocado uma rede de contenção, mas de alguma forma o bicho tinha passado para fora e estava pendurado. Lembro que chegamos em frente ao prédio e o gato não estava mais lá. Ela, então, pagou a corrida e saiu correndo condomínio adentro.
Desta vez a mulher estava calma, descontraída. Falou que acompanhou por algum tempo minha coluna do jornal para ver se eu contaria a história da corrida para salvar um gato. Contou que o gato havia sobrevivido à queda da sacada, mas que, algum tempo depois, fora devorado por um pitbull. Ao que parece, esgotaram-se as 7 vidas do animal. 
Minha passageira contou que, depois do episódio do gato, tinha tentado ainda outro animal de estimação. Ela teria comprado um pequeno roedor, mas o bicho também tinha morrido de forma trágica. O animal teria roído o fio do ar condicionado e levado um choque de 220w. Depois do churrasquinho de Hamster, ela disse que encerrou sua relação com a bicharada.
Espirituosa, a mulher disse que, no momento, tem dedicado sua atenção a um outro tipo de gato: um certo motorista de ônibus que faz seu coração bater mais forte. Um verdadeiro gatinho, segundo ela. 
Fui obrigado a concordar com minha bem-humorada passageira. Realmente, o bicho homem, quando bem tratado, é um animal doméstico dócil, que não causa maiores problemas. Por via das dúvidas, no entanto, aconselhei minha cliente a manter a rede de contenção na sacada. A liberdade é a pior tentação.

6 comentários:

ricardo garopaba blauth disse...

ALO MAURO

cronista, taxista.....

E AGORA CONSELHEIRO...rsrsrsrsr

Ricardo Mainieri disse...

Não deixo de ficar um tanto triste pela desventurada estória dos bichinhos de estimação.
Mas, devo dizer que vc. consegue colocar este clima de lado com o desenrolar da crônica e a descoberta de novos animais de estimação.
Tem alguns espécimes do homo sapiens que se portam compartadamente, caso recebam a ração diária e água. Outros teimam em rondar a vizinhança atrás de outras donas...(rs)

Abraço.

Ricardo Mainieri

Clarice disse...

Do jeito que a coisa anda,a rapaziada resolve final de romance com bala, então melhor ela deixar o "gato" do ônibus do lado de fora do apartamento e conferir se quem corre riscos não é ela.
Os exemplares masculinos domesticados funcionam melhor se forem deixados nas suas casinhas. Dentro de casa continuo com gatos e cachorro, sabe? hahaha!
Abraço.

Dalva M. Ferreira disse...

Eu idem, Clarice!

Liana disse...

No fence, just fancy :)

Silvia C. disse...

Eu diria que esse gato novo é mais perigoso que o felininho... rssrs só a tela não vai proteger :P