Lembrei-me da corrida. Foi uma correria danada. Lembrei que ela havia dito que não era a primeira vez que o gato caía da sacada. Para evitar outro acidente, tinha colocado uma rede de contenção, mas de alguma forma o bicho tinha passado para fora e estava pendurado. Lembro que chegamos em frente ao prédio e o gato não estava mais lá. Ela, então, pagou a corrida e saiu correndo condomínio adentro.
Desta vez a mulher estava calma, descontraída. Falou que acompanhou por algum tempo minha coluna do jornal para ver se eu contaria a história da corrida para salvar um gato. Contou que o gato havia sobrevivido à queda da sacada, mas que, algum tempo depois, fora devorado por um pitbull. Ao que parece, esgotaram-se as 7 vidas do animal.
Minha passageira contou que, depois do episódio do gato, tinha tentado ainda outro animal de estimação. Ela teria comprado um pequeno roedor, mas o bicho também tinha morrido de forma trágica. O animal teria roído o fio do ar condicionado e levado um choque de 220w. Depois do churrasquinho de Hamster, ela disse que encerrou sua relação com a bicharada.
Espirituosa, a mulher disse que, no momento, tem dedicado sua atenção a um outro tipo de gato: um certo motorista de ônibus que faz seu coração bater mais forte. Um verdadeiro gatinho, segundo ela.
Fui obrigado a concordar com minha bem-humorada passageira. Realmente, o bicho homem, quando bem tratado, é um animal doméstico dócil, que não causa maiores problemas. Por via das dúvidas, no entanto, aconselhei minha cliente a manter a rede de contenção na sacada. A liberdade é a pior tentação.
6 comentários:
ALO MAURO
cronista, taxista.....
E AGORA CONSELHEIRO...rsrsrsrsr
Não deixo de ficar um tanto triste pela desventurada estória dos bichinhos de estimação.
Mas, devo dizer que vc. consegue colocar este clima de lado com o desenrolar da crônica e a descoberta de novos animais de estimação.
Tem alguns espécimes do homo sapiens que se portam compartadamente, caso recebam a ração diária e água. Outros teimam em rondar a vizinhança atrás de outras donas...(rs)
Abraço.
Ricardo Mainieri
Do jeito que a coisa anda,a rapaziada resolve final de romance com bala, então melhor ela deixar o "gato" do ônibus do lado de fora do apartamento e conferir se quem corre riscos não é ela.
Os exemplares masculinos domesticados funcionam melhor se forem deixados nas suas casinhas. Dentro de casa continuo com gatos e cachorro, sabe? hahaha!
Abraço.
Eu idem, Clarice!
No fence, just fancy :)
Eu diria que esse gato novo é mais perigoso que o felininho... rssrs só a tela não vai proteger :P
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