Eu estava com o táxi atravessado na calçada, pegando uma passageira. Quando ela embarcou, eu engatei a marcha à ré e iniciei a manobra para voltar à rua. Nesse exato momento, um motoqueiro parou atrás do meu táxi inadvertidamente. Por pouco eu não bato no infeliz!
Mesmo vendo que eu estava com a luz de ré ligada, que estava manobrando, o mangolão não tirava a moto de trás para que eu pudesse sair. Ficamos por alguns segundos nesse impasse, até que fui obrigado a buzinar, e pedir que ele desobstruísse o caminho.
Quando, por fim, consegui sair, o motoqueiro me chamou. Foi quando percebi que ele não estava atrapalhando por mal. Na verdade, o rapaz estava mais perdido que cachorro em dia de mudança. Era um gordinho simpático, com o capacete meio torto e um jeito de quem tinha tirado a carteira há pouco. Ele queria saber como chegar ao Banco do Brasil da Azenha.
Como eu estava indo para aquele lado, sugeri que ele me seguisse. A muito custo o gordinho conseguiu manobrar a moto e saiu, aos trancos e barrancos, atrás de mim.
Por dirigir controlando o motoqueiro no retrovisor, acabei não vendo que o sinal à minha frente estava fechando. Passei com o semáforo amarelo, já passando para o vermelho! O gordinho da moto, que vinha mais atrás, com o olho pregado no meu táxi, também não viu o sinal, que, a essa altura, já havia fechado fazia tempo.
Um carro que vinha em alta velocidade atravessando o cruzamento freou em pânico. Os quatro pneus cantando no asfalto. O gordinho, apavorado com a barulheira, também freou, deixando a moto apagar no meio do cruzamento! O carro veio derrapando e parou a centímetros da moto, com a fumaça dos pneus queimados tapando tudo! Uma cena horrorosa, assistida pelo retrovisor, que jamais vou esquecer.
A passageira, distraída, não percebeu nada, sequer notou meu olho arregalado. Pediu apenas que eu me apressasse, pois estava atrasada... Tratei de respirar fundo e acelerar.
Vamos em frente, que atrás não vem ninguém.
6 comentários:
Bela descrição do cotidiano. O título, sozinho, já é um conto. Muito bom. Abrs
A vida no trânsito tem dessas coisas! Pra que assistir filmes violentos na TV ????? Boa crônica!
Dirigir não é para todos =)
Da próxima vez melhor desenhar um mapa pro extraviado. Que barbeiragem! Um risco pra todos.
Por falar em velocidade, pra que raios os carros são fabricados pra desenvolverem velocidade acima de 120, que é o máximo possível em qualquer estrada do Brasil?
Abraço.
Concordo com todos, e acrescento que você é um gênio. Que só vai ter reconhecimento pleno, no entanto, daqui a trocentos anos, quando a gente virar nome de rua. Né?
Se não fosse por ti, diria que o sinal amarelo não foi a toa rs.
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