Até o Parcão, por favor. O Parcão, lá no Moinhos de Vento. Como assim, não sabe onde é o Parcão, tá louco? No bairro Moinhos de Vento. Não acredito que tu não sabes pra que lado fica o bairro Moinhos de Vento...faz assim: pega a Ipiranga, vai toda a vida, dobra na Silva Só à direita. Pelo menos a Ipiranga tu conheces. Vai indo que eu te digo qual é a avenida Silva Só.
Cara, espera ai, tem que ligar o taxímetro. Pra saber quanto vai sair a corrida. Tudo bem, não tem problema, ninguém nasce sabendo, é teu primeiro dia no táxi, já entendi. Tu não pode esquecer de ligar o taxímetro. Nunca. É a primeira coisa, antes mesmo de cumprimentar o passageiro, vai por mim. Cara, tu desligaste o negócio ai, acho que é no outro botão. Pronto. Vamos em frente.
Meu amigo, vou te dizer uma coisa, esse teu táxi é um Siena, eu tenho um igual, posso te garantir: ele tem 5 marchas para frente. Tu pode tirar da segunda, passa a marcha, o motor está virando do avesso. Sei, o dono do carro disse pra não correr, cuidar os pardais, mas a velocidade máxima da via é 60 km/h, nós estamos a trinta, eu preciso chegar lá ainda hoje. Passa para terceira, pelo menos. Valeu.
Está vendo aquele ginásio grande, lá na frente, tu precisas entrar à direita, é a Silva Só. É melhor pegar a faixa do canto. Cuidado o caminhão, tem um caminhão aqui do lado, cuidado. Liga o indicador, vai bater, segura! Essa foi por um triz. Amigo, esquece esse caminhoneiro, deixa ele ficar te xingando, vamos lá, eu estou atrasado.
Ufa, chegamos, obrigado, aqui está bom. Como assim não tem troco. Não tem uma nota de dois reais? Ah, deixa pra lá, fica com o troco, junta para comprar um GPS. Tu estás precisando. E convém fazer um seguro total para esse carro também. Vai por mim.
Não, não acho que tu devas desistir da profissão. Todo o começo é difícil mesmo, tu acaba pegando o jeito. Persevera e triunfarás!
Esse post foi inspirado no blog Vai de Táxi, que é uma espécie de TAXITRAMAS às avessas, onde quem conta as histórias é o passageiro. Recomendo a visita.
10 comentários:
Ô, Coitado do colega taxista! Kkkkk! Indo lá visitar o Vai de Táxi. Há Braços!
Hahahahaha, adorei! Sempre que vejo alguém com crachá "em treinamento" já me preparo psicologicamente pra isso.
Começo de angu, é mingau!!!!!
Mauro, ainda vou andar no seu táxi e contar a melhor história...
Como sempre seus textos muito bem redondinhos e bem escritos. Que vai continuar sempre me inspirando também.
Abraços.
oi mauro adorei sua historia como sempre e vou la conhecer o blog não sei se vai lembrar de mim sou a lu que trabalha no CMJP onde sua esposa é voluntaria
Muito bom vizinho! Eu me senti de carona!
"Vai toda a vida"? Então era um catarina aqui de Floripa, com certeza.
Vou espiar o recomendado.
Abração.
òtimo texto como sempre.Já imaginou se TODOS falassem assim na cabeça do taxista?!Socorro!
O anônimo sou eu.Desconte a cabeça da velhinha!
Visitei o passageiro que escreve. O cara vai longe(trocadilho que ele não vai gostar). Boa dica.
Abraço
Barbaridade, mas quem nunca passou por algo parecido quando começou num serviço novo?
Parabens Mauro, continuas escrevendo muito.
Abração tocaio
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