Uma moça me fez sinal. Parecia aflita. Ela estava acompanhada de uma senhora idosa. A moça explicou que sua mãe estava passando mal. Sofria de falta de ar. Algum problema no pulmão. Angustiada, ela pediu que eu levasse sua mãe, o mais rápido possível, até o posto de saúde mais próximo. Explicou que não podia ir junto, pois estava trabalhando. Ela pediu que eu abrisse os vidros do carro e corresse. Foi ai que surgiu uma dúvida:
Fazia muito calor, o dia estava abafado como uma sauna. Eu estava com o ar-condicionado ligado. Dentro do carro o clima era agradável. Sendo assim, o certo seria abrir os vidros e deixar que o vento, apesar de quente, batesse no rosto da passageira ou manter o carro fechado para que ela respirasse o ar fresco?
Na dúvida optei pelo ar fresco. Certo ou errado, o fato é que a senhora chegou viva ao posto de saúde.
Em outra corrida, o passageiro embarcou cambaleante. Estava branco como cera, suando e com as mãos tremendo. Pediu que eu tocasse para o Instituto do Coração, pois achava que estava morrendo. Ele explicou que sofria de síndrome do pânico. Estava tendo um surto.
Na correria, lembrei que uma passageira, há muito tempo, disse-me que carregava sempre um saco para soprar nos momentos que entrava em pânico. Seria recomendação do seu médico. Comentei isso com meu passageiro, até para tentar acalmá-lo. Ele, então, levou as mãos fechadas à boca e começou a soprar, como se faz quando se está com frio. Parece que funcionou. O homem chegou mais calmo ao hospital.
Situações como as descritas acima não são raras de acontecer em um táxi. Mesmo com o sistema de atendimento médico de urgência, o SAMU, em certos casos o taxista é quem acaba transportando as pessoas que precisam de ajuda médica. Acho que um curso básico de primeiros socorros para os profissionais da praça não seria má ideia.
17 comentários:
Eu soube de um caso de uma mulher que acabou parindo no taxi. Quis fazer uma homenagem, mas ao invés de perguntar o nome do taxista, a menina foi batizada de TAXIANE.
Boa idéia! E bom texto...
O pior deve ser uma gestante dentro de seu taxi prestes a ter o bebe, e olha que ja vi casos que nasceram dentro do carro ainda!
ei meu amigo!
é. naõ seria má idéia não.
mas o que precisa mesmo, são os próprios doentes saberem como se portar em caso de crise.
eu tenho asma brabenta.
carrego minha bombinha comigo e um "manual de instruções" pra entregar a quem estiver perto de mim.
E to aqui vivinha da silva e cheia de fôlego pra dizer que FUNCIONA.
Não seria mesmo, mas cá entre nós, acho que cobrariam de vocês para fazê-lo. O que não é legal.
E tu, hein?! De taxista-enfermeiro-escritor... 1001 funções!
abração e um grande 2010 pra ti
Numa outra crônica teu carro transformou-se em divã.
Agora virou ambulância...(rs)
Não sai um adicional de insalubridade aí...(rs)
Boa crônica, mostrando que a solidariedade, embora esquecida, está nos mais variados lugares, basta ter os olhos de ver.
Abraço.
Ricardo Mainieri
Enquanto o curso não vem, pelo menos é bom manter um ou dois saquinhos de papel para suprir eventuais faltas de ar ou então preservar o equipamento.
Abrs.
P.S - Como bom colorado, não perca a chance nos sorteios dos três livros sobre o Inter lá no vidacuriosa. É só até o dia 20.
Abrs.
Enquanto o curso não vem, pelo menos é bom manter um ou dois saquinhos de papel para suprir eventuais faltas de ar ou então preservar o equipamento.
Abrs.
P.S - Como bom colorado, não perca a chance nos sorteios dos três livros sobre o Inter lá no vidacuriosa. É só até o dia 20.
Abrs.
Boa idéia!
Caro Mauro
Uma delicia de crónica como sempre. Além da sua sensibilidade, o ritmo está fantástico.
Um curso de primeiros socorros devia ser uma realidade para todas as pessoas, que trabalham com pessoas.
Professores,motoristas, enfim .
Obrigada pela crónica
Muitas felicidades
No final do ano passado, fiz um curso de primeiros socorros e acho que todas as pessoas o deviam ter pois um pequeno gesto pode salvar uma vida!!
Abraço
É uma ótima idéia, mas faço minhas as palavras de alguém que fez um comentário anterior. Passarão a cobrar muito de vocês. Acho que o curso de primeiros socorros poderia ser de iniciativa própria... ou do órgão de trânsito.
Note que os organismos governamentais das áreas da saúde, educação e formação afins gostam de "passar uma bola"...
Abraços, xará! Belíssima crônica!
Taí Mauro, concordo contigo. E infelizmente muitas pessoas pegam taxi por ainda ser mais rápido do que pedir uma ambulância, e muitas vezes porque acham que o "problema" delas é menos grave do que o de muita gente por aí e não querem ser motivo de cara feia dos emergencistas.
Beijos
Para quem tem uma enfermeira em casa...
Mas faça-me um favor: nada daqueles cursinhos e escolas de direção. Fiz um por obrigação e é simplemsmente de morrer de rir. Aprende-se mais vendo televisão.
Por oportuno, registre aí: ventilação enquanto faz massagem cardíaca, só se for por afogamento. Foi o que disse o "dotor".
Abraços.
P.S.:Calor e chuva esperam por vocês por aqui. Alguns ladrões também. Tomem cuidado com pertences e sequestros a jato.
Pois então beba uma taça do bom vinho por mim.
Aproveitem muito e mande umas fotos na volta pra eu imaginar como foi.
Beijos aos três e boa viagem!
Gostaria de parabenizar pelo blog, e por todas as matérias nele contida. De fato é muito bom. E com certeza serei um visitante assíduo.
Visite também meu blog. http://hermersonalvarenga.blogspot.com
Maurão, não resta dúvida: de médico, louco e taxista, todos temos que ter um pouco, né? Haha!
Abraços
Postar um comentário