Depois de pousar o avião em Caxias do Sul, o comandante tratou de desvencilhar-se dos procedimentos burocráticos do aeroporto. O aviador tinha uma namorada naquela cidade e estava ansioso para encontrá-la. Era uma loira casada, maravilhosa, com quem ele havia ficado na última vez que estivera em Caxias.
O aviador embarcou apressado no táxi e passou o endereço ao motorista. O taxista era uma figura exótica. Usava o cabelo amarrado num rabo-de-cavalo e tinha um bigode enorme. Um bigode gigante, como o aviador jamais havia visto.
Tão logo deu a partida, o taxista puxou assunto. Vendo o uniforme do comandante, o motorista quis saber se era verdade que aviadores, a exemplo dos marinheiros, tinham um amor em cada porto. O passageiro desconversou, não era do seu estilo falar de suas conquistas amorosas, mesmo sabendo que taxistas adoram este tipo de conversa.
Chegando à casa da loira, o aviador pediu que o taxista aguardasse. Explicou que, se sua amiga não estivesse em casa, ele continuaria a corrida. Dito e feito: depois de muito tocar a campainha, o aviador, desapontado, desistiu. Voltou para o táxi e pediu que o motorista o levasse para o hotel, no Centro da cidade.
No caminho, o taxista voltou ao assunto das paqueras. Com um sorriso malicioso, queria saber do aviador se aquela amiga que ele procurava não seria uma das suas namoradas. Incomodado com a insistência do bigodudo, o aviador cortou o assunto com rispidez. Não quis mais papo com aquele taxista enxerido. A corrida terminou com o aviador emburrado e o taxista ofendido.
Somente bem mais tarde, quando finalmente o comandante conseguiu entrar em contato com a sua namorada, ficou sabendo que ela era casada com um taxista que usava rabo-de-cavalo e um enorme bigode.
- História enviada pelo amigo Paulo Vinicius, a quem agradeço.
19 comentários:
Que coincidência Castro. Tenho uma vizinha loira e ela é casada com um taxista com as mesmas características do personagem da tua historia. Vou apresentar o taxitramas pro meu vizinho. Acho que ele vai adorar. Hahaha
Abraços e boa semana
Ah, essa foi por bem pouquinho... imagina se o aviador dá com a língua nos dentes! O pai da mentira é o demo!
Boa!!! Para não variar adorei!!
Abraço!
Que sorte do comandante a sua imensa discrição!
Grande Mauro!!!!
Tu és realmente um ótimo contador de causos!! Grande abraço e uma ótima semana.
Paulo Vinícius
Por isso que creio que a discrição é uma das maiores virtudes do homem. Além de ser elegante, é bom pra integridade física.
Abraços, meu caro. E uma ótima semana de trabalho.
Ô mundinho pequeno esse hein?! Com tanto taxista nesta terra ele tinha que embarcar logo no do corno!!! kkk Bjús
E o taxista nem falou que aquela era a casa dele....
Taxista rei da calma ou é muito burraldinho, além de fora de moda. Vai ver ele sabia que a esposa não estava em casa, mas queria ganhar a corrida.
Ou é manso mesmo.
Boa semana e muito agasalho que ele vem com tudo.
Nossa... eh, eh...
Por um triz!hehe
Hahaha, surpreendente!
Engraçadíssimo!
Hugs
Olá Mauro!
Sou jornalista da TV Pampa e gostaríamos de fazer uma matéria contigo!
Tens como me passar teus contatos?
Obrigada!
Alessandra Mendes
(xandams@yahoo.com.br)
Mauro, até na escolha de teus colaboradores és bem-sucedido.
Muito boa a estória do rapaz, tem enredo e um final surpreendente.
Um amigo cronista, que escreve para um jornal de Joinvile me mandou uma crônica que falava num taxista que gostava de Gonzaguinha e era culto e resolvi reaparecer.
Abração.
Ricardo Mainieri
Com certeza o apartamento era em um edifício e o passageiro deu apenas ao taxista o endereço da rua e do prédio. Se fosse casa, o aviador estaria perdido. Uma vez vi um filme nacional, não me lembro o nome (acho que era os Cafajestes) em que uma mulher consegue o apartamento emprestado de uma amiga e leva pra lá um sujeito que conhecera na balada. O cara estranha que o prédio era o mesmo dele, o andar era o mesmo até que descobre que o apartamento dele é o dele. A mulher diz que a amiga iria passar a noite fora porque o marido estava viajando.
É...como diz o ditado,em boca fechada não entra mosca!!!O aviador que se cuide.rsrssr.Essa foi por pouco.
Essas ironias sao curiosas, nao?
Por isso é que sou bem discreto sempre, mas principalmente com taxistas. E se tiver blog e/ou coluna no jornal então... Rerrerré! _Abraço.
O.o muito legal o conto as descrições do taxista “Usava o cabelo amarrado num rabo-de-cavalo e tinha um bigode enorme” são ótimas, e o final foi intrigante/interessante, gostei muito do texto.
Abraço
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